“Se for necessário, frite um ovo” recomendou minha mãe, de manhã.
Suspiro.
Sério? Sério MESMO?!
“Bom, tá na hora do almoço”, disse o meu pai, eventualmente na hora do almoço, “frita um ovo, aí.”
Silêncio.
“Você... Sabe fritar ovo... né?”, disse ele, talvez meio incrédulo.
Suspiro.
“Pai”, falei num tom calmo, “eu já fiz uma lasanha quatro queijos sem ajuda nenhuma. Fiz Crème Brûlée.”
Silêncio.
“...nunca fritei um ovo.”
História da minha vida.
É difícil? Eu faço. Parece impossível? Feh, já fiz pior. Não dá p/ fazer sozinho? BAH!
É fácil? Er... Não. Não faço. Nem faço ideia de como se faz. Tem certeza de que é fácil?
Às vezes, o caminho mais longo é o mais rápido, não? Não?! Sério que não?!
Me parece impossível fazer o que as outras pessoas acham fácil. Talvez eu enxergue as coisas de um jeito diferente. Talvez eu só goste de complicar. Talvez, o que é difícil para os outros é fácil para mim e vice-versa. Talvez, só talvez, eu goste de ser a exceção da regra.
Acho que é como o cérebro funciona. Eu vejo algo complexo e entendo. Rodas dentro de rodas. Probabilidades e estatísticas. Como aquele jogo, em que eles te dão um objetivo, tipo fazer o revolver atirar, e te dão uma série de objetos para você fazer uma sequência absurda para que o revolver atire, sabe? Agora... e se não há rodas? Se não há longas equações mentais a serem feitas? E se não há objetos para serem adicionados no maquinário?
“Ah”, você me interrompe, “então você não consegue fazer coisas fáceis?”.
Não, eu não sou tão burro assim. O problema se torna que, a resolução é tão simples... Que eu esqueço. E toda vez que eu vou fazer esse “algo simples”, eu tenho que reaprender a fazer.
Como fritar um ovo.
Toda vez, eu tenho q reaprender a frita o maldito ovo. E os dois primeiros sempre parecem que foram atropelados por um carro.
Acho que há uma lição aqui. Deve ser “nunca me peça para fritar um ovo.”
Vociferado
por Shimura-Aniki
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