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A tese do quebra-cabeça

<terça-feira, 27 de julho de 2010 

Quando nasci, Ele me deu um quebra-cabeça. E mandou que eu o completasse, pouco a pouco, juntando as peças conforme ia vivendo. Ainda disse mais: a imagem que se formaria quando eu o completasse seria única e formidável. Mas eu provavelmente gastaria minha vida inteira para reunir todas as peças e completá-lo.

Passei minha infância inteira tentando completá-lo. Peça a peça fui unindo, e vislumbrando idéias do que poderia ser a imagem completa. Fui crescendo e, sem notar, pessoas começaram a mudar algumas peças. Algumas vinham ajudar, juntando peças e adicionando novas que elas traziam de seus quebra-cabeças. Outras vinham bagunçar algumas peças e até mesmo tomar algumas de mim.

Notei que não poderia, assim, criar o quebra-cabeça. Se as pessoas podiam vir e alterar, eu teria dois trabalhos: montá-lo pela primeira vez e depois organizar e controlar como eram feitas as alterações. Alterar as peças dos quebra-cabeças dos outros estava fora de cogitação: eu perderia tempo importante que deveria gastar no meu. Foi então que cheguei a um impasse.

E o solucionei da maneira mais simples: parei de tentar completar o quebra-cabeça. E comecei a desenhar novas e menores imagens dentro do quebra-cabeça. E notei que estas imagens faziam todo sentido, apesar de não serem nada comparadas a imagem que eu deveria completar. Eram apenas pequenas amostras daquele grande quebra-cabeça.

Um dia, alguém me parou e perguntou se eu não achava que estava fazendo da forma errada. Se eu não deveria me esforçar em montar o grande quebra-cabeça da minha vida. A resposta não podia ser mais clara: eu podia tentar a vida inteira. E mesmo assim não teria certeza que, até a minha morte, teria visto a imagem única e formidável que havia sido reservada para mim. Se era assim, a única forma de não me arrepender seria aproveitar todas as pequenas partes que conseguia criar sem ninguém alterar nada. E, quando alguém conseguisse alterar, ou eu simplesmente achasse que as peças estavam fora do lugar, era só desfazer tudo e começar de novo, com outra pequena imagem.

Essa foi a solução que achei para a minha vida. Não pretendo montar o grande quebra-cabeça. Mas ter controle sobre cada pequeno quebra-cabeça que completar. E, com eles, montar a minha história. E a sua solução, qual é?

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Vociferado por Júnior Pessoa
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