Fotos

Retérmino ~ Arco-íris quebrados

<segunda-feira, 26 de abril de 2010 

Outro dia, vi um arco-íris incompleto. Devia ter, sei lá, um terço dele lá. E pensei “quando foi a última vez que eu vi um arco-iris inteiro?” E não obtive resposta. Mas não era a primeira vez que eu pensava naquilo, porque não era a primeira vez que eu via um arco-iris “quebrado”. E toda vez que via um, o mesmo pensamento vinha na mente. Por quantos anos eu tive o mesmo pensamento? Também não sei a resposta. Me pergunto, então, se isso realmente importa.

Deve importar, é a conclusão inicial que chego. Talvez (e estamos trabalhando com um “TALVEZ” bem grande e em letras garrafais aqui) o arco-íris seja um reflexo da vida. Uma manifestação “física” da vida? Quando eu era criança, sempre via arco-íris inteiros. Agora, velho, surrado, cansado, não os vejo mais. É a minha vida diminuindo? Estou tão cansado que sou a metade (ou terço) do que eu era? É a minha potência sexual? (Opa! Nada que um viagra não resolva!) Ou será que não sou só eu que estou vendo que eles estão ficando... Invisíveis? Se for... Bom, é um evento “global”. Se são todos afetados, deve ser importante, certo?

Mas qual o sentido do arco-íris? Vamos ignorar lendas e mitos. Pontes que ligam Asgard à Terra ou potes de ouro no fim. E ignoremos a ciência, refração da água e tals. Por que ele existe? Talvez mais importante do que isso... Por que ninguém percebeu que ele está sumindo? Ele é tão inimportante (isso existe?) que ninguém se deu conta? Estamos a beira do fim dos arco-íris? Claro que não. Levando em conta a ciência, ele sempre existirá. Talvez quebrado, mas existirá.

Mas toda essa conversa de arco-íris me faz pensa outra coisa. Nos fins. Conclusões. Términos.

Tudo começa. Aí, termina. E aí, recomeça. E aí, termina de novo. Peraí, no recomeço... não deveríamos ter um “retérmino”? Os começos são novos, mas os fins são todos iguais?

Por que as pessoas gostam de olhar para atrás e dizer “ah, o passado era melhor”? O que faz dele melhor? Acho que sempre romantizam demais o passado. Lembram das coisas boas e relevam as partes ruins (não as extremamente ruins, mas as mais ou menos ruins).

Por que nunca vemos o que temos até perdermos? Bom, isso é uma frase clássica. Tava no manual “se você for mencionar o passado, é obrigatório fazer essa citação”. Não costumo pensar muito nisso, para falar a verdade. No fim, acho que essa pergunta, juntamente com a anterior, é de “gente museu”: pessoas que vivem no passado. E por que viver no passado? Olham para trás, assim, não olham para frente e evitam ter que encarar o fim.

Porque fins são dolorosos. Fins são tristes. Deixamos uma parte de nós quando... alguma coisa chega ao fim. Relacionamentos. Amizades. Empregos. Cursos. O real problema é perda da segurança. Se tem um emprego, é certeza que amanhã (se não for sábado o dia que você estiver lendo isso... A não ser que você trampe no domingo) você terá para onde ir, o que fazer. O ser humano gosta de “certezas”, da idéia de que não haverá “instabilidade”. Isso é impossível, e talvez por isso que a idéia da estabilidade seja tão importante. Então... Na verdade, não é o medo da dor do fim, mas sim da perda do que tem de estabilizado que o ser humano teme.

Por que não narro essa parte em primeira pessoa? Porque eu não temo os fins. O fim da estabilidade também significa mudança. Pessoas temem mudanças. Mas mudanças são boas. Todas são. Mesmo as que não parecem boas. Você pode pensar “diz isso para o cara que perdeu tudo e agora mora na rua”. Eu digo sim, traz ele aqui e eu digo. Porque toda mudança te oference uma chance singular de aprendizado. E todo aprendizado, leva à elevação pessoal, o “improvement”. Bom, é nisso que eu acredito, pelo menos. Perdemos uma parte de nós quando algo termina... Mas ganhamos alguma outra coisa quando alguma outra coisa começa.

E a partir de agora, se eu disser que alguma coisa recomeçou, quando ela terminar, direi que ela reterminou...

E se alguém ver um arco-íris inteiro, tira uma foto e manda para mim...

Vociferado por Shimura-Aniki
|    -   Link


 
O PUTZ SENTAI
  O PUTZ SENTAI é uma organização não governamental com fins insandecidos.

Leituras com o aval do Putz

Passado Putz
  abril 2008
maio 2008
junho 2008
julho 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
abril 2010
maio 2010
junho 2010
julho 2010
agosto 2010
setembro 2010
novembro 2010
dezembro 2010
março 2012
setembro 2012
março 2013
outubro 2013


 
                   
Putz Sentai - Todos os direito não tão devidamente reservados
(Mas te pegamos de jeito se você violá-los!)