Outro dia, vi um GPS em ação. Sério, nunca tinha “ouvido” um. Lógico que eu já tinha visto (e “brincado”) num, mas... Nunca tinha o visto em ação. Ter um GPS é como ter o relógio do Silvio Santos que fala, mas ao invés de “ma, oi Lombardi, são... Nove... Horas e... Quarenta... E... Sete... Minutos!” ele te diz para onde você DEVERIA estar indo. Para piorar, ele não para de falar. “Depois de... Duzentos... Metros... Vire a... Esquerda” ou “vire a... Direita” ou pior “vá para a pista da... Esquerda... Depois de... Oitocentos... Metros... Entre a... Direita”. Isso é REALMENTE necessário? É tão difícil fazer um trajeto no GoogleMaps?

Não me entenda mal. Eu entendo a necessidade do aparelho falar, uma vez que poucas pessoas têm a habilidade de prestar atenção nas ruas E num mapa ao mesmo tempo. Ou de LEMBRAR do trajeto. Mas é necessário TUDO isso? Sou do tempo que se tínhamos que chegar num lugar, pegávamos o guia (ou o Mapograf ou o Quatro Rodas) e fazíamos a rota numa folha (às vezes, num guardanapo). Agora, temos o Silvio Santos nos dando direções. Acho que as pessoas que tem um GPS devem tê-lo comprado pois se sentem muito sozinhas.

Eu sei, você deve achar que ao dizer isso, estou sendo engraçado, mas acredite, eu já vi casos bizarros. Pessoas que puxam papo com entregadores de papel ou conversam com o rádio ou ficam no celular. São pessoas que não suportam a idéia do silêncio. Qual é a dificuldade?, eu imagino.

Passei boa parte da minha vida dentro de ônibus, cruzando a cidade, para cima e para baixo. Eu passo uma média de 5 horas da minha vida dentro de ônibus, trem e metrô. E houveram tempos onde a média era maior, acredite. A idéia de não conversar com alguém é, muitas vezes, reconfortante. Deve ser por isso que eu não sou do tipo que falo com qualquer pessoa, ou que fico no celular batendo papo furado. Não tenho muita paciência com as outras pessoas. Sou um ermitão que vive no meio da multidão. Mas não vejo isso como um aspecto negativo.

Uma pessoa que vive em harmonia com as outras sofre de uma desvantagem terrível: A lei do mínimo esforço. A natureza humana faz com que as pessoas sempre contem que os outros a ajudarão. Sempre acharão que tudo dará certo, caso contrário, alguém vai ajudá-lo. Mas até onde os outros podem te ajudar? E se eles também precisam de ajuda? Para isso, existe o GPS, certo? Para mostrar o caminho que deveríamos saber, não é? Além disso, as pessoas sempre tentam achar culpados. Point the finger, shift the blame. É mais fácil achar culpados do que SER culpado. Mas até onde você poderá provar que os outros são os errados? E se eles culpam você também? E para isso, serve o GPS, certo? Para culparmos quando chegarmos atrasados ou nos perdermos, não é?

Os GPSs, assim como os notebooks, desktops, celulares, iPhones, iPods, iAlgumaCoisa são os seus fieis escudeiros, que te guiarão para a direção certa... E se você errar, sempre pode culpá-los...

Vociferado por Shimura-Aniki
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