- Hm... Onde eu... er... Que lugar é...
- (Opa, ele chegou) *ahem* OlÁ! Bem-vindo!
- AAH! Be-bem-vindo? Aonde? Quem é você?
- Eu sou o Flagelo das Inspirações! O Ceifador da Criatividade! A Entropia dos Sonhos...
- ...?
- *suspiro* A Morte.
- Oh. OH. Eu morri?
- Não exatamente.
- Er... Como assim?
- Você não pode morrer... Porque nunca viveu. Você... (odeio ter que dizer isso) é só uma idéia. E uma idéia incompleta, devo dizer.
- Só... uma... idéia??
- Olha, isso acontece o tempo inteiro. É assim: Alguém te cria; tem uma idéia, começa a desenvolvê-la... Mas... coisas acontecem. Outras idéias surgem e você acaba sendo deixado de lado.
- Aí, você aparece? Que lugar é esse? O limbo das idéias?
- É isso aí!
- E aqui estão todas as idéias abandonadas?
- Hmm... Sim e não. Isso é meio complicado.
- MEIO complicado...
- Veja bem... Aqui não existe. VOCÊ não existe. Você é um ser que só existe no campo das idéias. É um conceito. Não é um ser vivo. É como uma sombra: Tá lá, mas não dá para tocar.
- Mas... Eu tô aqui!
- Pois é.
- COMO??? NADA FAZ SENTIDO!!! Como um lugar existe e não existe??
- Bom, senta que lá vem história. Todas as idéias são construtos da imaginação das pessoas. Então, mesmo que incompletas, elas têm bases, crenças, opiniões e fundamentos, que são os mesmos dos seus criadores. Logo, esse lugar existe porque VOCÊ e seu criador acreditam nele.
- Isso... Isso é tão... E aí? Tô no lugar que não existe. O que eu faço?
- Espera.
- Espero?
- Espera ser chamado de novo. Você é uma idéia. Incompleta. O que te falta é o momento de inspiração correto para ser terminada. Às vezes, quem te termina pode ser outra pessoa.
- Ser passado para... outra pessoa...
- Idéias são construtos da mente. Há quem crie no modo “torneira”: Girou a válvula, a idéia flui. Há quem crie no modo “Lego”: vai calmamente refletindo cada pedaço enquanto monta. E há quem crie no modo “Frankenstein”: Pega uma idéia daqui, outra dali... Mas não importa o método de criação, quase sempre haverá o bloqueio criativo. O criador pode tentar continuar, ou pode deixar a idéia de lado. Mas, em algum ponto, ele sempre vai voltar e resgatar sua criação e dará continuidade.
- Sempre?
- ...Ok, nem sempre. Mas ele pode te passar para frente, como eu disse. Então... Você espera. Se ele te esquecer, você “morre”. Mas, quando ele lembrar... Você volta a “viver”.
- Essa é a idéia sensata mais sem noção que eu já ouvi.
- Não é?
- Bom... E agora?
- Não sei, quer beber alguma coisa?
- Tem lugar para beber aqui?
- Aqui não existe, ainda assim, estamos aqui, por que não haveria?
Depois de um ano, a Idéia acabou sendo utilizada, mas só depois de ser totalmente modificada.
E a “Morte” continua recebendo as Idéias, e agora está escrevendo um livro... Um romance...
... Não que alguém conseguirá lê-lo, já que ela vive no “Limbo das Idéias”...
Vociferado
por Shimura-Aniki
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